Wednesday, March 28, 2007

Errata

Erradamente, no meu post de "reticências (...)" coloquei a Universidade de Coimbra como responsável pela licenciatura de Alvaro Cunhal.
Puro engano meu e pelo qual peço desculpa.
Fica a correcção.
"Em 1940, Cunhal é escoltado pela polícia à Faculdade de Direito, onde apresenta a sua tese de licenciatura em Direito, sobre a temática do aborto e a sua despenalização o que era já algo muito avançado para a época em questão. Apesar do ambiente pouco propício, a sua tese foi classificada com 16 valores (num máximo de 20 possíveis)"

Tuesday, March 27, 2007

Reticências(...)

Se há coisa que eu gosto, e quem me conhece reconhecerá que é verdade, é de uma boa discussão.
Não como o nosso saudoso Manuel Carvalho, mas, posso admiti-lo...parecido!
Chato? talvez...mas convicção...reconheçam-ma.
Contrariamente a muitos dos que aqui escrevem, anonimamente ou sobre siglas mais ou menos caninas, eu tenho um nome, tenho idade e eventualmente, sem querer ser inconveniente, alguma integridade.
A maioria conhece-me.
"olha o comunista".... puro engano. Nunca o fui, contratriamente aos "enganados", que muito comentam neste espaço.
Reconheçam-me, talvez, o minha opinião.
Salazar foi o maior FILHO DA PUTA da história recente portuguesa ( se calhar não houve outro assim, nestes ultimos 800 anos) e não vale a pena tentar branquear a sua brutal ditadura com fugidias insinuações a terceiros que mais não fizeram que lutar contra este facinura.
As sucessivas tentações, mais ou menos colegiais, de argumentar ..."mas aquele tambem"... é muito desonesto.
Não gostam de Alvaro Cunhal? têm todo o direito, agora que em termos de "provas dadas", Salazar venceu, daí não venham dúvidas.
Num aparte, se calhar actual mas sem ter a ver com o post, ainda hoje me questiono como é que a Universidade de Coimbra, que deu a licenciatura a ambos, ainda não foi fechada.
Há, de facto, coisas incompreensiveis.


a propósito de alguns post incritos no piolho da solum

Friday, March 16, 2007

Sempre do Lado das Grandes Causas

Petição ao Ex.mo Senhor Presidente da Câmara de Coimbra


A propósito da Situação de Alerta declarada pela Câmara Municipal de Coimbra ao abrigo da Lei 27/2006, de 3 de Julho, que considera como “imperioso e urgente efectuar a demolição/desconstrução das edificações (...)” numa zona considerável da Baixa, entre a Rua Direita e a Rua da Sofia, julgamos importante manifestar o nosso desacordo face a uma situação que parece ter como único objectivo o de promover a destruição de parte de um dos mais importantes núcleos urbanos medievais do país, sob o argumento dos imóveis que o integram se encontrarem em mau estado de conservação.

É um facto que muitos dos prédios da Baixa ostentam, desde há vários anos, um acentuado estado de degradação, situação que se repete – ou repetiu – em grande parte dos centros históricos um pouco pelo País e por toda a Europa onde, mercê da criação de novas centralidades, da falta de investimento nas zonas antigas, dos problemas de estacionamento e da escassez de condições de habitabilidade em edifícios antigos, se assistiu durante largos anos ao abandono e decadência destas áreas. É também notório que, em muitas destas cidades, se conseguiu, nos últimos anos, reverter esta situação, assistindo-se pelo contrário a uma revalorização dos centros históricos enquanto pólos de habitação e de comércio, procurados por turistas e locais, geradores de riqueza, de emprego e de actividades culturais.

Ao caso, é indubitável que as demolições previstas para a Rua Direita vão, inevitavelmente, destruir uma das mais antigas vias da cidade. O Metro Ligeiro do Mondego está a servir de excelente pretexto para, a reboque de uma pretensa "modernização" e, utilizando como argumento a degradação e o risco de colapso de alguns prédios, se “implodir” metade da Baixa. Este discurso “higienista” representa, à luz dos conceitos e prática internacional, uma visão completamente ultrapassada – anterior à década de sessenta - mas que, infelizmente insistimos em aplicar. Será que não aprendemos nada com os erros do passado? Ora, se é verdade que muitos dos edifícios estão, de facto, em condições deploráveis - e isto deve-se sobretudo à falta de uma política de reabilitação urbana e à inexistência de uma gestão adequada do centro histórico - também o é que a demolição é a solução mais fácil e a que melhor atenderá aos interesses do MLM, mas não necessariamente a mais barata e a que melhor serve a cidade e o seu património. De toda a maneira, o que parece não ter entrado em linha de conta é a identidade urbana de toda esta zona, a aposta a fazer na requalificação e recuperação do seu património, o incontornável valor urbano, histórico e sociológico da Baixa.
Numa altura em que o discurso político se debruça, finalmente, sobre a reabilitação do edificado, o desenvolvimento sustentado, a sensibilização dos proprietários e dos diversos intervenientes no processo de reabilitação (frases ainda recentemente proferidas pelo Ministro do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional na Cerimónia de Lançamento do “Guia Técnico de Reabilitação Habitacional”, editado pelo LNEC e pelo INH, no dia 28 de Fevereiro de 2007), a atitude da Câmara de Coimbra parece desfasada dos propósitos enunciados pelo próprio Ministério da tutela.

De resto, se a demolição/descontrução dos prédios que ruíram pode apresentar perigo para os edifícios contíguos, existem soluções técnicas que permitem a sua reabilitação. Sendo válido o argumento de que “...este conjunto de edificações, que se encontra em estado de ruína, não apresenta um comportamento estrutural independente,...” logo, funcionando em “cadeia”, não será estranho que se adoptem como soluções a demolição parcial dessa “cadeia” e a alteração pontual do sistema estrutural com consequências nefastas (incompatibilidade estrutural, alteração do comportamento aos sismos, etc.) para as construções remanescentes? Ou será que, a par do argumento dos edifícios funcionarem "em cadeia", podemos então assumir que não há outra solução senão a de demolir toda a cadeia? Terão sido realizados estudos que analisassem o custo das acções de recuperação dos edifícios? Se sim, foram ou não tidos em conta? E será que o valor duma cidade que se quer candidatar a Património da Humanidade (ainda que a candidatura seja centrada na Universidade de Coimbra) não justifica um investimento maior nesta área? Qual a legitimidade de promover a destruição do coração da cidade medieval sob o argumento dos edifícios que o constituem se encontrarem em mau estado de conservação, numa altura em que a engenharia permite soluções de reforço estrutural, de consolidação e de conservação cada vez mais evoluídas? De resto, e considerando que toda a Baixa funciona como “zona tampão” da classificação da Universidade como Património da Humanidade, deverá o tratamento desta área promover, antes de mais, o conhecimento, a recuperação e a reabilitação na sua acepção mais verdadeira - que não é, seguramente, o modelo estafado e criticado por todas as cartas e convenções internacionais de património, de arrasar para depois reconstruir “à imagem de”...).

É verdade que a situação vem de longe: ante a expectativa da passagem do Metro, o desinvestimento crescente na conservação duma zona degradada, socialmente depauperada e sem imóveis de valor patrimonial relevante acentuou-se progressivamente durante os últimos anos. A demolição não pode, no entanto, ser a resposta. A “recuperação e renovação urbana e social da Baixa” promovida pela Sociedade de Reabilitação Urbana “Coimbra Viva”, e o “respeito pelo património edificado existente, suas morfologias e significados” terão como sinónimos a destruição “cirúrgica” de edifícios vernáculos, situados no núcleo histórico de uma das mais antigas cidades portuguesas? Em que medida é que estas acções se coadunam com a promoção de uma candidatura a Património Mundial, sobretudo numa cidade onde a destruição sistemática da “Alta” nos anos 40 do século XX deixou marcas profundas no urbanismo, na memória colectiva e no tecido social urbano, e onde o desvario construtivo e os interesses imobiliários dos anos 70 e 80 liquidaram irremediavelmente prédios, conventos, bairros e zonas inteiras consolidadas (como exemplos, entre tantos outros, vejam-se os casos da Igreja de São Domingos, na Rua da Sofia, convertida em Centro Comercial, e da Cruz de Celas, “assassinada” pela construção de blocos de apartamentos de volumetria dissonante)?

Face a todo o passivo da cidade, em que a especulação imobiliária e a construção civil foram, durante largos anos, um dos poucos motores do desenvolvimento (??) urbano de Coimbra, não podemos deixar de considerar que os interesses que movem uma aposta tão veemente na demolição do edificado sejam outros que não somente os da preocupação pela segurança e os do trajecto do Metro de superfície. Quanto a nós, não há razões que justifiquem a destruição deliberada, organizada, meticulosamente preparada sob a capa de uma legalidade apressada e tecnicamente discutível que permitam descaracterizar irreversivelmente todo um núcleo urbano homogéneo e sedimentado. Se a passagem do Metro é razão para estas acções (o que não parece suficientemente esclarecido nem fundamentado), porque não rever a trajectória definida? Os eventuais benefícios trazidos pela mobilidade e facilidade de comunicações, a expensas do aniquilamento de uma parte de cidade têm, parece-nos, um custo demasiado elevado.

Os erros do passado, de que Coimbra foi vítima ao longo de todo o século XX, deveriam servir para reflectirmos sobre a irreversibilidade destas atitudes. Não há quem não lamente, hoje, a destruição da Alta; poucos há que não condenem a especulação imobiliária, o crescimento desenfreado e caótico da cidade e as duvidosas opções urbanísticas dos anos 70, 80 e 90 do século passado; não é possível reparar esses erros, mas é certamente possível definir uma acção mais inovadora, de criação e não de destruição, de recuperação e de dinamismo, seguramente mais ecológica, mais económica e mais exemplar.

Finalmente, não são só as pedras e os edifícios que estão em causa: a “Baixinha” de Coimbra não é um cemitério de imóveis degradados e semi-abandonados; Tem habitantes, tascas, retrosarias, pequeno comércio, casas de pasto, para só falarmos nas áreas onde a degradação crescente das condições de habitabilidade ameaça desde há anos a sobrevivência dos seus residentes. A recuperação do edificado passa necessariamente pela manutenção deste frágil tecido social, ou mesmo pela sua revitalização e dinamização. E é esta, julgamos a aposta a fazer nesta zona.

Por esta razão, conscientes do peso duma cidadania activa e empenhada, e porque acreditamos que as soluções existem, vimos solicitar que se ponha termo à destruição e descaracterização da Baixa de Coimbra, consubstanciada, a coberto de uma discutível declaração do “Estado de Alerta”, na demolição indiscriminada de ruas, prédios e quarteirões.

13 de Março de 2007

Thursday, March 15, 2007

Sempre do Lado das Grandes Causas

Moção aprovada em
Assembleia Geral Ordinária da
Associação dos Arqueólogos Portugueses
(de 28 de Fevereiro de 2007)


Encontra-se em curso um conjunto de demolições na Baixa da Cidade de Coimbra, ao abrigo da declaração de uma “Situação de Alerta”, visando demolir parte do edificado confinante com a Rua Direita e com outras artérias suas subsidiárias. Esta intervenção, da responsabilidade da Metro Mondego SA, tem sido justificada pelo projecto do Metropolitano Ligeiro do Mondego. Contudo, o processo de Avaliação de Impacte Ambiental desta infra-estrutura de transportes, foi interrompido definitivamente em Abril de 2006 (com a caducidade da Declaração de Impacte Ambiental), na sequência da discordância dos municípios da Lousã e Miranda do Corvo, relativamente ao Concurso Público Internacional lançado para a concretização do projecto.
A zona urbana de Coimbra em que decorre esta intervenção corresponde a uma área onde os especialistas presumem ter-se estabelecido um aglomerado de época romana, em torno da via Olisipo-Bracara Augusta (via a que sucederá no traçado, a própria Rua Direita). A ocupação urbana deste espaço ter-se-á perpetuado por toda a Idade Média, sofrendo durante este período um comprovado processo de assoreamento, do qual resultou o aterro destes níveis mais antigos, numa potência de sedimentos que pode alcançar os 11 metros. Esta alteração da topografia urbana, nunca significou contudo qualquer interrupção da sua ocupação humana que se mantém, sempre relacionada com as actividades comercial, artesanal e portuária. O conjunto edificado urbano que hoje subsiste é assim de origem medieval, podendo a grande maioria dos edifícios remontar ao período moderno. Trata-se assim de um conjunto urbano (edificado e sedimentado) de elevado valor patrimonial, uma vez que documenta materialmente e resulta do longo e rico percurso histórico da própria cidade de Coimbra.
Se este facto não bastasse para questionar a justeza de uma intervenção destrutiva e radical, como a que se encontra em curso, acresce ainda que, como a cima se explica, esta decorre à margem de qualquer projecto aprovado, ao qual tenha sido atribuído interesse público superior, que não seja o “Estado de Alerta”. A destruição de Património Cultural só é aceitável, à luz da legislação nacional e europeia, se a ponderação dos valores em presença lhe for, de forma fundamentada, desfavorável. Está a ser destruída uma parte importante do centro histórico de Coimbra, sem que seja explicado aos cidadãos qual o bem público que receberá em troca.
Assim, face à extrema gravidade da situação descrita, a Associação dos Arqueólogos Portugueses reunida em Assembleia Geral, vem manifestar a sua profunda preocupação e repúdio, solicitando às entidades públicas com responsabilidade no caso, os esclarecimentos devidos. Esta Associação exprime ainda votos para que a intervenção em curso seja acompanhada das medidas preventivas adequadas, de forma a minimizar os profundos impactos sobre o Património Arqueológico e Edificado, sem esquecer a vertente fundamental do registo da “Estratigrafia da Arquitectura”.

Friday, March 02, 2007

Oh PÁ

Lá está, outra vez, o raio do mercado a funcionar mal.
Para que é que os donos do Grupo PT têm de discutir se "desbloqueiam" os estatutos. Então isto não se resolve no mercado?
Então não é o mercado que é dono das empresas?
Então eu que quando comprei a minha casa, perguntei ao dono se a queria vender? claro que não. Comprei e "prontos"...Já está! o gajo que se vá queixar ao mercado.
É obvio que não é assim e é obvio que tem de haver regras e sobretudo muito bom senso.

A existência de clausulas de salvaguarda nas sociedades não é um exclusivo da PT, aliás é uma prática bastante comum, sobretudo nas sociedades com capital disperso.
Há exemplos de nomes sonantes da nossa praça onde tal também acontece. Por exemplo, a Telefónica ( hoje aparentemente a votar a favor do "desbloqueio") não permite que nenhum accionista possua mais de 10% de capital, o BPI, O BCP, A EDP, etc,etc.
Curioso não é?
E tem sido o facto de haver esta prerrogativa que tem impedido quer a PT ou o BCP ou a Telefonica de serem o que são hoje? é claro que não.
E para que quer a SONAE controlar nais de 50% do capital? não é para criar um bloqueio?
Mas adiante....

Hoje os accionistas da PT, irão deliberar, se conseguirem: sobre a eliminação da alínea a) do número 1 do artigo 12º, dos números 7, 8, 9, 11, 12 e 15 do artigo 13º do contrato de sociedade, bem como sobre a alteração das alíneas b) e d) do número 1 do artigo 12.º e dos números 2 e 3 e da alínea b) do número 14 do artigo 13º do contrato de sociedade, no pressuposto de que se encontram definitivamente estabilizados os termos, condições e contrapartida da oferta pública geral de aquisição de acções representativas do capital social da Sociedade cujo anúncio de lançamento foi publicado, em 12 de Janeiro de 2007, pelas sociedades Sonaecom, SGPS, S.A. e pela Sonaecom, B.V., e sujeito à condição suspensiva de se verificar o sucesso da mesma.
Simples não é?
Parece que sim e é.

Mais do que o acto de "desbloquear" os estatutos está, hoje em cima da mesa da assembleia , a decisão dos accionistas, os unicos donos da empresa, em vender ou não vender à SONAE.
Pretender, como alguns afirmam, condicionar o sucesso ou insucesso da operação a uma questão legal é no minimo ridiculo e desonesto.
Se os accionistas quizerem vender não serão os estatutos a impedi-lo, mas para mim é claro, que a manutenção do "bloqueio" estatutário é uma resposta de luva branca à arrogância e aos propectores de petroleo e diamantes.
As OPA resolvem-se com dinheiro, não com artificios ou jogadas menos claras.

Bom fim de semana